segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Por que no te callas?


Neste final de semana foi emblemática a imagem de uma bandeira brasileira sendo queimada por venezuelanos na arquibancada do estádio em que aconteceu o jogo Brasil x Venezuela pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Fiquei me perguntando: o que estaria gerando este comportamento tão incomum?

Acho que a resposta não é muito difícil de se encontrar. O responsável maior é o Sr. Hugo Chávez. Interessando em questionar e minar a liderança natural do Brasil na América do Sul, Chávez esforça-se por vincular o Brasil à falsa imagem de um “proto-império”, algo similar ao que seria os Estados Unidos no nível mundial, só que em bases continentais.

As conseqüências das ações do “neocaudilho” venezuelano estão, por exemplo, nas ações de governos andinos contra empresas brasileiras, tal como ocorreu na Bolívia e agora no Equador. Depois de receber os investimentos brasileiros, os governos destes países ignoram contratos firmados e ameaçam estatizar e expulsar nossas empresas ou unilateralmente rever seus lucros. Por outro lado, fico pensando em como estes países podem pensar em uma infra-estrutura integrada na América do Sul sem a participação do capital brasileiro. Se eles não tiverem empresas públicas como o BNDES ou privadas como a Vale e a Odebrecht para financiar estas obras, quem as fará? Quem no mundo se interessará em investir em países que não oferecem segurança jurídica?

Preocupa-me o futuro da América do Sul. Apesar das perdas econômicas que as ações desses governos podem provocar para as nossas empresas, o governo brasileiro está certo em não “bater de frente” com estas ações intrépidas, pois isto é tudo o que Chávez deseja. O Brasil deve continuar a ser uma alternativa de liderança moderada e positiva, a voz da diplomacia, da ponderação, em contra-posição à proposta conservadora e ultrapassada destes governos, que pensam que estatizando tudo resolverão os problemas sociais da população - fórmula que comprovadamente não deu certo em lugar nenhum do mundo.

Devemos ser a opção da modernidade e de uma inserção positiva no mundo global para os países sul-americanos, ainda que alguns resistam a aceitar o fato de que não há mais espaço para Estados com complexos de gigantismo, ou seja, para aqueles Estados cujos governos desejam se municiar de instrumentos que estão acima da sua capacidade de regulação. Para não alimentarmos a campanha difamatória de Chávez, é necessário abrir mão de um certo “orgulho nacional” porque o mais importante são os dividendos políticos mais adiante. O projeto brasileiro de integração sul-americana tenderá a prevalecer sobre o “projeto bolivariano” que, dada a falta de consistência, implodirá Fonte da imagem: malcomeco.wordpress.com/.../.

Um comentário:

Marina Amaral disse...

Caramba, queimar a bandeira aí é demais...

Boa reflexão!

Beijão,
Marina A.