sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Na Natureza Selvagem


Para encerrar a semana, vai mais uma indicação cinéfila. Trata-se do filme "Na Natureza Selvagem" - Into the Wild, em inglês -, dirigido por Sean Penn e estrelado pelo excelente Emile Hirsch. Baseado numa história real, o filme retrata a trajetória de um jovem norte-americano que, ansioso por liberdade, decide ganhar o mundo de repente, após sua formatura, deixando os pais e a irmã para trás, apenas com uma mochila nas costas e pouco dinheiro. Sua trajetória de imersão na natureza dos Estados Unidos até chegar ao Alaska, seu objetivo final, constitui o enredo do filme. Até que ponto podemos nos desatar das amarras que as convenções sociais nos impõem? É possível ser feliz prescindindo das relações humanas? É egoísmo querer ser feliz sem se preocupar com as demais pessoas? Estas são algumas das questões que o filme aborda. As paisagens são maravilhosas e a trilha sonora, sensacional, é quase toda composta por Eddie Vedder (vocalista do Pearl Jam). Atualmente, não sai do som do meu carro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Apenas Uma Vez



Quantas vezes nos deparamos com a oportunidade de encontrar “a pessoa”? Algumas jamais encontram, outras têm mais de uma oportunidade na vida e, finalmente, há as que têm apenas uma oportunidade. Esta “pessoa” não vai ser necessariamente quem vai passar o resto da vida ao seu lado ou com quem você conviverá mais. Pode ser um “amor de verão”, de um dia, de uma semana, até de uns poucos minutos. Pode ser uma “transa inesquecível” ou apenas alguém com quem você sente uma sintonia que jamais experimentou antes com outra pessoa, durante breves diálogos numa mesa de bar, e que você acaba jamais encontrando de novo. Mas isso não é o que mais importa em absoluto. O que realmente importa é que a vida reserva a cada um de nós momentos com pessoas – ou com uma pessoa só -, breves ou não, que ficam cimentados nos recantos mais afetivos do coração e que lapidam e enfeitam esta via que chamamos de vida. Nem todos sabem identificar estas oportunidades, mas elas surgem sim, quando menos esperamos. Quem já assistiu à “Antes do Amanhecer” e “Antes do Pôr do Sol” compreende o que estou dizendo. Recentemente, outro filme me tocou fundo, como há muito nenhum conseguia. Vencedor do Festival de Sundance em 2007 e do Oscar de Melhor Música, em 2008, “Apenas uma Vez” (Once, no título original em inglês) é um filme que retrata um destes momentos com que, de repente, qualquer um de nós pode se deparar . Não há como não se deixar levar pela bela história de amor entre o personagem interpretado por Glen Hansard (ator e músico, líder da banda irlandesa The Frames, e responsável pela trilha sonora) e a personagem de Marketa Irglova. Para complementar, Dublin como cenário e músicas que embalam nosso coração de beleza, esperança e otimismo. A bela canção Falling Slowly (a vencedora do Oscar) é uma referência às escolhas que ainda podemos fazer e que só fazem sentido quando nos dispomos a amar, com todas as conseqüências que esta "decisão" encerra. Trata-se de um filme lúdico, singelo, de uma espécie de "alegria triste", que bate direto na porta da alma.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Três Crianças?



Foi de lamentar a ação policial no seqüestro das meninas Eloá e Nayara. Os erros e "trapalhadas" já foram apontados a exaustão pelos especialistas em situações desta natureza.
Mas entre todos os fatos que se seguiram ao deslinde trágico da última sexta, o que mais me chamou a atenção foi a entrevista coletiva dos comandantes responsáveis pela negociação com o criminoso e pela ação desastrada. Segundo um dos comandantes, não se cogitou a opção de tirar a vida do seqüestrador porque se tratavam de três "crianças" e a vida do mesmo também se visava preservar, já que até então era um rapaz sem antecedentes criminais e que agia impensadamente por razões passionais.
Ora, penso que meu conceito de "criança" é outro bem diferente. Até onde sei, a menoridade penal dura apenas até os 18 anos. Sendo assim, o criminoso Lindembergh é sim um adulto e deveria ter sido tratado como tal. "Crianças" nesta história eram somente as duas adolescentes.
No ímpeto de proteger a vida deste "pobre indefeso" é que agora lamentamos a morte de Eloá. A "pobre criança" em pouco tempo estará solta, gozando do benefícios da ausência de antecedentes criminais, enquanto à jovem Eloá tudo foi negado. Sinal dos tempos num país onde os criminosos abomináveis são tratados como seres humanos e vitimizados, enquanto os verdadeiros inocentes pagam com seu sangue por esta visão torpe e indigna. Esperemos agora um novo filme que romantize o sofrimento do "pobre" Lindembergh, para que possamos indicá-lo ao Oscar e torcer na noite de premiação. Fonte da imagem: http://ultimosegundo.com.ig.br

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Olha o Blog da Gabriela Matarazzo aí gente!!!



Nesta minha recente vida de "blogueiro", já tive oportunidade de fazer contato virtual com outros blogs bem legais, de pessoas interessantes e com coisas curiosas e inteligentes a dizer. Um deles é o da Gabriela Matarazzo, intitulado "Meu Mundinho Paralelo" que todos podem acessar no endereço http://meumundinhoparalelo.blogspot.com/. Os posts desta super-simpática paulista são criativos, inteligentes e bem humorados. Quem puder dê uma passadinha lá! Mais à frente, pretendo falar de outros blogs, como o da Marina, igualmente interessantes.


Fonte da imagem:

Brasileiros Naturalizados no Mundial de Futsal



Neste mundial de futebol de salão - recuso-me ainda a dizer “futsal’ - que se realiza atualmente no Brasil, os prognósticos apontam para uma final entre Brasil e Espanha. Não sei se sabem, mas a Espanha é a atual bicampeã mundial e, nas duas últimas ocasiões em que enfrentou o Brasil, venceu. A curiosidade é que, em ambas oportunidades, valeu-se da preciosa ajuda de brasileiros naturalizados, como Daniel e Marcelo, para derrotar nossa brava seleção “canarinho”.


Não tenho nada contra a decisão de jogadores brasileiros que, emigrados para a Espanha ou para outros países, resolvem se naturalizar – trata-se de uma decisão de cunho pessoal. E se, fora do Brasil, eles têm melhores condições de trabalho e de vida, quem pode condená-los? Mas mesmo assim não me deixa de causar certa estranheza e algum desapontamento ver o número de brasileiros jogando por outros países, como Itália, Rússia, etc, quando poderiam estar aqui ajudando no desenvolvimento do nosso futebol de salão. No caso da Itália, quatorze brasileiros jogam na seleção! Afinal, é ou não é uma seleção italiana? Hoje mesmo, o Globo divulgou um dado impressionante: 33 dos 56 jogadores que participam das semifinais do mundial - entre Brasil x Rússia e Espanha x Itália - que se realizam hoje, são brasileiros de nascimento!!


Questiono até que ponto estes jogadores têm ou não identificação com seus "novos países". Não vou entrar na seara de exigir que saibam cantar o hino porque aí é covardia, já que muitos dos nossos craques também não sabem. Mas resolvi fazer um pequeno teste: questionários dirigidos aos jogadores brasileiros naturalizados das seleções da Espanha, da Rússia e da Itália que têm por objetivo verificar o quanto eles estão familiarizados com a cultura de seus novos países e se, realmente, já largaram o arroz e feijão pela paella, lasanha ou a salada russa.
Gostaria que qualquer programa humorístico como CQC ou Pânico realizasse este breve exame com nossos bravos brasileiros que decidiram defender outras bandeiras. Pelo nível de acerto poderemos medir o quanto já estão adaptados às suas novas culturas.

Seguem os questionários:

Para os brasileiros que jogam na Espanha:

1. Quem foi Miguel de Cervantes? ( ) Craque do futebol de salão espanhol nos anos 70. ( ) Um famoso escritor. ( ) Ex-goleiro da seleção espanhola de futebol, oriundo da cidade de Cervantes, na região da Andaluzia.

2. “Guernica” é: ( ) O apelido de uma famosa rainha da dinastia Bourbon. ( ) O nome de uma tela famosa de Picasso, alusiva a uma cidade espanhola bombardeada por nazistas. ( ) O sobrenome de uma conhecida cantora de flamenco dos anos 80.

3. Dom Quixote e Sancho Pança são: ( ) os nomes de uma famosa dupla de atacantes do Real Madri dos anos 50. ( ) personagens da literatura espanhola. ( ) popular dupla sertaneja da música flamenca.

Para os que jogam na Rússia:

1. Quem foi Pedro, “o Grande?” ( ) Imperador Russo. ( ) Ator russo de filmes pornográficos. ( ) Brasileiro que atuou no futebol russo na década de 70, cuja altura atinge mais de 1,90m.

2. Rudolf Nureyev foi: ( ) Um importante chanceler da ex-União Soviética. ( ) Bailarino Russo. ( ) Centroavante da Rússia na Copa de 90.

3. “Guerra e Paz” é o nome de: ( ) Um famoso livro da literatura russa. ( ) Lema dos revolucionários bolcheviques durante a Revolução Russa de 1917. ( ) Programa de Televisão com Marcos Pasquim e Daniele Winitts, de grande audiência na Rússia, transmitido pela Globo Internacional.

Para os que jogam na Itália:

1. Quem foi Leonardo da Vinci? ( ) Famoso centroavante da Juventus que, em uma só partida contra a Fiorentina nos anos 40, marcou vinte gols, ganhando então o apelido “Da Vinci” que, em português, significa “dá vinte”. ( ) Importante artista e cientista do Renascimento, autor de pinturas, esculturas e outros legados célebres no campo das artes e da ciência. ( ) Lendário galã de filmes pornôs italianos que pela sua capacidade de atingir vinte orgasmos numa só noite, ganhou este apelido.

2. O nome da equipe de Fórmula 1 Ferrari é alusivo a: ( ) Uma cidade do interior da Itália, onde foi fundada a primeira fábrica da empresa. ( ) O sobrenome do "Comendador Enzo Ferrari", fundador da equipe. ( ) Nome de uma raça de cavalo italiana que inspirou a logomarca da equipe, com a figura do cavallino rompante (cavalinho rompante).

3. Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini foram: ( ) Zagueiros da seleção italiana, campeã em 1982. ( ) Compositores de óperas. ( ) Famosos criminosos integrantes da Cosa Nostra, máfia italiana da ilha da Sicília. ( ) Dupla Sertaneja brasileira, descendente de italianos e de grande sucesso na Itália.


P.s: Depois, se necessário, coloco aqui um post com o gabarito..rs.


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Consulta ao "Pai dos Burros": vivendo e aprendendo



Por mais que nos esforcemos em ampliar nossos conhecimentos, sempre há algo novo para aprender. Hoje, no trabalho, me deparei com petições de advogado que utilizavam duas palavras que, perdoem-me pela minha ignorância, não me lembro de ter ouvido ou lido antes. Recorri imediatamente a dois dos principais "pais dos burros" (Aurélio e Houaiss) e descobri o significado dos termos.
Tratam-se das palavras "aleivosia" e "alicantinamente". De acordo com o Novo Aurélio, "aleivosia" significa "1. Traição, Perfídia, deslealdade. 2. Dolo, Fraude. 3. Falsa acusação; calúnia" (1999, p. 91).
Já a palavra "alicantinamente" remete às palavras "alicantina" e "alicantineiro". "Alicantina", segundo o Dicionário Houaiss, é o seguinte: "1. ardil com que se procura enganar alguém; treta, manha, trapaça.1.1 JUR astúcia para embaraçar ou prejudicar a atividade processual da parte contrária", Já o "alicantineiro" é o "indivíduo que se utiliza de alicantinas, alicantinador" (2001, p. 157). O alicantineiro, portanto, é o que age alicantinamente ou que comete alicantinas.
Que beleza não é? "Adoro" estas petições com suas erudições! Vou incoporar estas palavras já ao meu vocabulário. E aí pessoal? Quantas aleivosias na nossa política, hein? Cheia de alicantineiros!! Fonte da imagem: http://www.brasiltech.net/informatiquez/wp-content/uploads/2008/01/dicionario.jpg.

Por que no te callas?


Neste final de semana foi emblemática a imagem de uma bandeira brasileira sendo queimada por venezuelanos na arquibancada do estádio em que aconteceu o jogo Brasil x Venezuela pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Fiquei me perguntando: o que estaria gerando este comportamento tão incomum?

Acho que a resposta não é muito difícil de se encontrar. O responsável maior é o Sr. Hugo Chávez. Interessando em questionar e minar a liderança natural do Brasil na América do Sul, Chávez esforça-se por vincular o Brasil à falsa imagem de um “proto-império”, algo similar ao que seria os Estados Unidos no nível mundial, só que em bases continentais.

As conseqüências das ações do “neocaudilho” venezuelano estão, por exemplo, nas ações de governos andinos contra empresas brasileiras, tal como ocorreu na Bolívia e agora no Equador. Depois de receber os investimentos brasileiros, os governos destes países ignoram contratos firmados e ameaçam estatizar e expulsar nossas empresas ou unilateralmente rever seus lucros. Por outro lado, fico pensando em como estes países podem pensar em uma infra-estrutura integrada na América do Sul sem a participação do capital brasileiro. Se eles não tiverem empresas públicas como o BNDES ou privadas como a Vale e a Odebrecht para financiar estas obras, quem as fará? Quem no mundo se interessará em investir em países que não oferecem segurança jurídica?

Preocupa-me o futuro da América do Sul. Apesar das perdas econômicas que as ações desses governos podem provocar para as nossas empresas, o governo brasileiro está certo em não “bater de frente” com estas ações intrépidas, pois isto é tudo o que Chávez deseja. O Brasil deve continuar a ser uma alternativa de liderança moderada e positiva, a voz da diplomacia, da ponderação, em contra-posição à proposta conservadora e ultrapassada destes governos, que pensam que estatizando tudo resolverão os problemas sociais da população - fórmula que comprovadamente não deu certo em lugar nenhum do mundo.

Devemos ser a opção da modernidade e de uma inserção positiva no mundo global para os países sul-americanos, ainda que alguns resistam a aceitar o fato de que não há mais espaço para Estados com complexos de gigantismo, ou seja, para aqueles Estados cujos governos desejam se municiar de instrumentos que estão acima da sua capacidade de regulação. Para não alimentarmos a campanha difamatória de Chávez, é necessário abrir mão de um certo “orgulho nacional” porque o mais importante são os dividendos políticos mais adiante. O projeto brasileiro de integração sul-americana tenderá a prevalecer sobre o “projeto bolivariano” que, dada a falta de consistência, implodirá Fonte da imagem: malcomeco.wordpress.com/.../.

Gota D´Água


Fui asssitir “Gota D´Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes que após longa temporada no Rio, fazia aqui sua apresentação de despedida, antes de começar sua turnê pelo Brasil. Eu não queria perder de jeito nenhum.
Para os que não sabem, a peça foi escrita nos anos 70. Trata-se de uma adaptação musical da tragédia grega ‘Medéia’, de Eurípides. O cenário da peça é um humilde conjunto habitacional no Rio, uma favela carioca, e as músicas de Chico, entre elas “Partido Alto” e a que dá nome à peça, são um espetáculo à parte.
A peça foi montada pela primeira vez nos anos 1970, com a grande Bibi Ferreira no papel da protagonista Joana, atuação que marcou história. Por isso, quando foi relançada recentemente, havia muito ceticismo quanto ao que poderia ser o desempenho de Isabela Bicalho, a nova Joana, que resolveu aceitar o desafio de encarnar uma personagem tão vinculada à atuação pretérita de Bibi. Desconhecida para os que não vão muito ao teatro, Isabela tem como seu papel mais importante até hoje na televisão o de Narizinho do Sítio do Pica-Pau Amarelo, lá pelos anos 1980, quando entrou no programa substituindo Rosana Garcia, a primeira Narizinho.
Não demorou muito para Isabela demonstrar não só que fazia jus ao papel, como poderia perfeitamente igualar ou até superar a grande Bibi Ferreira. Isabela fez da peça um projeto de vida e pessoalmente a produziu e buscou recursos para montá-la. A presença em palco, a incrível extensão vocal, a alma compungida da personagem, tudo isso está presente na atuação da atriz que, justificadamente, é a favorita para todos os grandes prêmios brasileiros de teatro deste ano. Isabela foi demoradamente ovacionada pela platéia neste último sábado e, pelo que sei, foi uma cena que se repetiu em todas as sessões até agora. Isto pra não citar o desempenho maravilhoso de todo o elenco e a produção (cenários, luzes, etc). É um espetáculo imperdível!Na caso da peça chegar a sua cidade, não perca! É um momento único assistir a “ex-Narizinho” no palco!!

Cidade Cosmopolita


Viver nas cidades grandes tem muitas desvantagens. Em se tratando do Rio de Janeiro, a questão da violência vem logo à cabeça de todos. Embora pessoas como eu, que vivem na cidade, saibam que a questão da violência existe – e é séria – mas não chega às beiras do que é aventado às vezes pela imprensa. Conheço pessoas que nasceram e que vivem até hoje no Rio que já foram assaltadas, e mais de uma vez. Mas também conheço muitos “cariocas da gema” que nunca foram assaltados.
Mas voltando ao que estava dizendo, apesar de algumas desvantagens, viver numa cidade grande, especialmente como o Rio, também tem pontos positivos. Um deles é a variedade de opções para sair à noite. Estávamos eu e minha mulher pensando no que iríamos fazer no sábado e resolvemos assistir a uma peça de teatro. Ficamos indecisos diante de mais de vinte opções de boas peças, até ao final optarmos por uma (ver posts seguintes). Para quem aprecia vida cultural, viver no Rio é um “prato cheio”: simplesmente não dá para falar num post sobre tudo o que há de cultura para “consumir” por aqui.
Outro aspecto vantajoso de se viver em cidades grandes consiste na mentalidade mais cosmopolita das pessoas que nela vivem: poucos sabem da sua vida e o anonimato é uma prerrogativa invejável. Há menos provincianismo e as pessoas se preocupam mais com suas vidas do que com as dos outros. Além disso, tendem a ter mentes mais abertas pela diversidade de opções culturais e o contato contínuo com culturas de todo o país e todo o mundo. Neste fim de semana mesmo, a cidade foi marcada no domingo por três grandes eventos: a Meia-Maratona na parte da manhã (pela orla da cidade), a Procissão de Nossa Senhora Aparecida na parte da tarde (no Centro), e a Parada Gay no final de tarde e início da noite (em Copacabana). Quantas cidades podem abrigar num mesmo dia eventos tão diferentes entre si, com tantas “tribos” envolvidas? Fonte da imagem: http://baixaki.ig.com.br/imagens/wpapers/BXK16883_orla-de-copacabana-rio-de-janeiro800.jpg.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cidade Partida


“Só falta reunir a zona norte à zona sul. Iluminar a vida já que a morte cai do azul”.

Lulu Santos em “O Último Romântico”.


As eleições municipais estão servindo para demonstrar que o Rio de Janeiro, além da “cidade maravilhosa”, é também a “cidade partida” - em alusão ao título do famoso livro de Zuenir Ventura (capa em destaque). No primeiro turno, a clivagem religiosa entre evangélicos neo-pentecostais e católicos ficou clara com a alta rejeição ao candidato Marcelo Crivella. O índice bem maior de católicos no eleitorado foi claramente responsável pela não ida do “ex-bispo” da Igreja Universal ao segundo turno.

Agora que os holofotes estão concentrados apenas em Eduardo Paes e Fernando Gabeira, outra fratura da sociedade carioca é exposta, esta de ordem social que colocaria, de um lado, os eleitores da Zona Sul, em sua maioria pró Gabeira, e, de outro, os eleitores do subúrbio (Zonas Norte e Oeste) que apoiariam Paes. Nota-se, por parte da imprensa escrita, uma certa tendência a querer reforçar esta divisão, ao invés de se esforçar por questioná-la, por seu simplismo e artificialismo. Exemplo disto foi a divulgação nos principais jornais da cidade de uma suposta declaração preconceituosa de Fernando Gabeira em relação à vereadora Lucinha, do PSDB, campeã de votos na Zona Oeste, num suposto diálogo do canditato com outro vereador recém reeleito, que teria sido ouvido por um repórter. Gabeira teria chamado a vereadora de “analfabeta política” e “suburbana”. Ora, ainda que esta declaração seja verdadeira, do que interessa aos eleitores o que o candidato fala numa conversa íntima com um interlocutor? Nós mesmos não cometemos “escorregadas politicamente incorretas” quando conversamos dentro de um ciclo mais íntimo de conhecimento ou amizade? Contamos piadas de portugueses, e nem por isso nos tornamos preconceituosos e xenófobos. Mas, infelizmente, é este o cenário em que vivemos: o patrulhamento da “massa ignara” do politicamente correto tende a imbecilizar o pleito e desviar o foco das questões que mais interessariam aos eleitores cariocas: as plataformas de governo dos dois candidatos, seus perfis políticos e trajetórias pregressas. Fonte da imagem: http://i.s8.com.br/images/books/cover/img5/59045.jpg.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Filmes Musicais: uma fórmula atemporal?


Neste último fim de semana, fui assistir "Mamma Mia" no cinema. Para quem não ouviu falar, trata-se de uma adaptação para a "telona" de um musical do teatro que estreou em Londres em 2001, tendo feito grande sucesso. A fórmula é simples: com o auxílio de sucessos musicais de uma determinada época - no caso do "Mamma Mia", os do ABBA, grupo sueco dos anos 70 - é construído um roteiro em que aquelas músicas são inseridas, ajudando a conferir sentido à história. Achei o filme divertido, mas notei algumas pessoas rindo quando a Meryl Streep, o Pierce Brosnan ou qualquer outro ator soltavam a voz e faziam expressões faciais mil enquanto cantarolavam.
Acho que o público de cinema desaprendeu um pouco a apreciar musicais. Este genêro, tão popular nas décadas de 1930 a 1950, e que legou à história do cinema filmes inesquecíveis como "Cantando na Chuva" (foto em destaque), "Um Americano em Paris" e "Sete Noivas para Sete Irmãos", entre outros, além de artistas maravilhosos como Gene Kelly, Fred Astaire, Ginger Rogers, Judy Garland, Nelson Eddy e Jeanette MacDonald, parecia fazer mais sentido em épocas em que as pessoas iam ao cinema basicamente à procura de fantasia. Há os que pensam que "New York, New York", "Os Embalos de Sábado à Noite" e "Grease" (todos do final dos anos 70) foram o último "grande suspiro" dos musicais no cinema. Na década de 80, houve alguns sucessos esporádicos, como Fama, Flashdance, Footloose e Dirty Dancing, mas em nenhum destes filmes os atores cantavam, havia apenas uma boa trilha sonora e dança. Depois disso, Woody Allen tentou ressuscitar a fórmula dos atores cantando com "Todos Dizem Eu te Amo", de 1996 (ótimo filme), isto sem contar o malfadado "Evita", com Madonna, sem diálogos e só com músicas, lançado no mesmo ano. Terão os musicais saído definitivamente da moda ou as pessoas voltarão a buscar no cinema um refúgio da realidade, um mergulho deliberado na fantasia? O sucesso internacional de "Mamma Mia" pode ser indicativo da retomada de um genêro tão desprestigiado nas últimas duas décadas? O público infantil já se deixou cativar com "High School Musical" e outras produções. E vocês adultos? O que acham dos musicais? Fonte da imagem: http://media-2.web.britannica.com/eb-media/38/93438-004-3CD33F3C.jpg.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Aprendendo a ser "Escada"


Ao observar o crescimento de um filho é curioso perceber como a despeito das projeções que inevitavelmente fazemos como pais, antes e após o nascimento, sua índole e seu temperamento já são, em boa parte, pré-moldados. Por mais que se diga que o "homem é fruto do meio" e que a educação dos pais é fundamental para lapidar o caráter do ser humano, não há como ignorar que nascemos, todos, com muitas de nossas características intrínsecas, já definidas. Do contrário, como explicar que irmãos com idades próximas, que recebem a mesma educação, possam ter caráter, gostos e inclinações tão diferentes? É genial constatar, em cada gesto do seu filho, em cada atitude, o "espetáculo" de uma pessoa revelando-se aos poucos ao mundo, com sua alma única. É uma surpresa que nos é brindada quase que diariamente. Por mais que saibamos do nosso papel como pais, a realidade é que somos meros coadjuvantes em todo esse processo de "revelação".
Assim, na tradição do humor, seríamos como os "escadas", aqueles atores cuja principal função é propiciar a um outro ator que possa brilhar intensamente. Grande Otelo foi, sem dúvida, o mais famoso "escada" da dramaturgia brasileira: nas chanchadas da Atlântida, nos anos 1950, sua função era fazer o público rir, mas também, e principalmente, abrir caminho para que seu companheiro de cena, Oscarito, brilhasse. Serei com satisfação o "eterno Grande Otelo" do "meu Oscarito". Ser pai é ser "escada" para os filhos. Eles são as estrelas que têm que brilhar agora. Fonte da imagem: http://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/culturabrasileira/oscarito.jpg.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Análise das Eleições no Rio


O segundo turno da eleição para Prefeito do Rio de Janeiro aponta para um cenário equilibrado e imprevisível. Até então apontado como franco favorito, Eduardo Paes vê suas chances de vitória seriamente ameaçadas pela ascensão meteórica de Fernando Gabeira. Se, por um lado, Eduardo Paes tende a ser o destino de boa parte do eleitorado do ex-bispo da Igreja Universal, Marcelo Crivella, que por seu perfil conservador rejeita a imagem do "deputado verde", por outro, Gabeira conta com dois importantes trunfos para tentar vencer o pleito. Em primeiro lugar, tem como quase certa a adesão dos votos da esquerda, pulverizados em mais três candidaturas (Jandira Feghali, Chico Alencar e Alessandro Molon), e também os de Solange Amaral (apoiada por César Maia, inimigo político de Eduardo Paes). Mas também deverá contar com parte do "voto útil" da classe média carioca que optou por Paes como forma de brecar a candidatura Crivella mas que, agora, diante da nova conjuntura, pode refletir mais calmamente e até mesmo migrar para a candidadura Gabeira, apesar de ter optado por Paes no primeiro turno. Esta última possibilidade não tem sido muito comentada pela imprensa especializada, mas penso que poderá ser um fator decisivo nesta eleição. Paes se fia nos apoios do Governador Sérgio Cabral e do Presidente Lula para conter a ascensão de Gabeira. Bom..quem viver, verá. Fonte da imagem: http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/images/2243_leitoreseleicao/423336_interlagos01.jpg

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Amor por um Clube de Futebol


Num país como o nosso em que a dimensão do futebol ultrapassa em muito a mera questão esportiva, a escolha de um time de futebol é como um marco, uma espécie de selo pessoal na vida de qualquer homem. Segundo o dito popular, muda-se de partido político, de mulher, muda-se de qualquer coisa, mas nunca de time de futebol. É como se "virar a casaca" representasse a pior desonestidade que pode ser cometida por parte de um indivíduo. Penso em entrevistas para empregos. Imagino a situação em que o entrevistado vem muito bem na entrevista, cada vez mais seguro, com a vaga quase assegurada e o entrevistador, feliz por ter encontrado o "escolhido", num momento de descontração resolve perguntar: "Qual é o seu time?". E o entrevistado responde: "Era Bambala desde criancinha, mas recentemente mudei para o Arimatéia porque meu antigo time não vinha ganhando nada e só me trazia tristeza". Indignado com o descaramento despudorado desta confissão vergonhosa, o entrevistador dá por encerrada a entrevista sem maiores explicações e elimina o candidato do processo de seleção. Afinal, o que são MBAs, Pós-Graduações, Mestrados e outras qualificações diante de uma "falha de caráter" tão grave? "É preciso buscar alguém confiável" pensa o funcionário do RH. E é assim mesmo que as coisas funcionam. A partir do momento em que o homem escolhe seu time de futebol, começa aquele que vai ser certamente o casamento mais duradouro na sua vida. É uma relação pura, sem traições, ciúmes, cobranças e "DRs" (discussões de relação). O homem sabe que é assim, por mais que algumas mulheres possam sentir ciúmes e não compreender esta relação de amor, nada sexual aliás, que não compete com o amor conjugal. Amo o meu Fluminense. Por isto é que me preocupo com sua atual situação. A dores do meu time são as minhas, por mais que eu seja obrigado a assimilá-las e a seguir adiante com a minha vida. Fonte da imagem: http://www.fimdejogo.com.br/blog/wp-content/uploads/2007/09/fluminense1.jpg.