segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Três Crianças?



Foi de lamentar a ação policial no seqüestro das meninas Eloá e Nayara. Os erros e "trapalhadas" já foram apontados a exaustão pelos especialistas em situações desta natureza.
Mas entre todos os fatos que se seguiram ao deslinde trágico da última sexta, o que mais me chamou a atenção foi a entrevista coletiva dos comandantes responsáveis pela negociação com o criminoso e pela ação desastrada. Segundo um dos comandantes, não se cogitou a opção de tirar a vida do seqüestrador porque se tratavam de três "crianças" e a vida do mesmo também se visava preservar, já que até então era um rapaz sem antecedentes criminais e que agia impensadamente por razões passionais.
Ora, penso que meu conceito de "criança" é outro bem diferente. Até onde sei, a menoridade penal dura apenas até os 18 anos. Sendo assim, o criminoso Lindembergh é sim um adulto e deveria ter sido tratado como tal. "Crianças" nesta história eram somente as duas adolescentes.
No ímpeto de proteger a vida deste "pobre indefeso" é que agora lamentamos a morte de Eloá. A "pobre criança" em pouco tempo estará solta, gozando do benefícios da ausência de antecedentes criminais, enquanto à jovem Eloá tudo foi negado. Sinal dos tempos num país onde os criminosos abomináveis são tratados como seres humanos e vitimizados, enquanto os verdadeiros inocentes pagam com seu sangue por esta visão torpe e indigna. Esperemos agora um novo filme que romantize o sofrimento do "pobre" Lindembergh, para que possamos indicá-lo ao Oscar e torcer na noite de premiação. Fonte da imagem: http://ultimosegundo.com.ig.br

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi Carlos! Então foi sobre amizade meu post sim...
Perdi uma das minhas amigas irmãs... Foi a pior perda da minha vida! Me senti impotente diante do que aconteceu...
Mas é a vida! E a frase é o que realmente traduz esse sentimento que muitas pessoas nem sabem o que é!
beijo

Gabriela Matarazzo disse...

Carlos, amei seu texto!
Tbm acho que a polícia falhou mto... parecia q eles não tavam levando a sério a atitude do Lindemberg.
E daí que ele não tem antecedentes criminais? Teve a primeira vez, né? E ficou marcada na história e na vida de muita gente.

Bjossss

Marina Amaral disse...

Oi Carlos. O que me deixa mais impressionada, pra não dizer revoltada, é que todas as vezes a polícia tem uma justificativa para a atuação desastrada. Há 10 anos, tivemos que ver o mesmo despreparo da polícia quando tentava salvar a vida da professora refém da linha 174... a professora morreu pelo tiro dado pela "polícia de elite." Eloá também morreu... pelo mesmo amadorismo. A gente vai aceitando, ou só discutindo superficialmente, porque não é um dos nossos familiares e amigos... mas seria fundamental uma mudança agora para evitarmos provar desse amadorismo!

Beijão,
Marina A.