quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Aprendendo a ser "Escada"


Ao observar o crescimento de um filho é curioso perceber como a despeito das projeções que inevitavelmente fazemos como pais, antes e após o nascimento, sua índole e seu temperamento já são, em boa parte, pré-moldados. Por mais que se diga que o "homem é fruto do meio" e que a educação dos pais é fundamental para lapidar o caráter do ser humano, não há como ignorar que nascemos, todos, com muitas de nossas características intrínsecas, já definidas. Do contrário, como explicar que irmãos com idades próximas, que recebem a mesma educação, possam ter caráter, gostos e inclinações tão diferentes? É genial constatar, em cada gesto do seu filho, em cada atitude, o "espetáculo" de uma pessoa revelando-se aos poucos ao mundo, com sua alma única. É uma surpresa que nos é brindada quase que diariamente. Por mais que saibamos do nosso papel como pais, a realidade é que somos meros coadjuvantes em todo esse processo de "revelação".
Assim, na tradição do humor, seríamos como os "escadas", aqueles atores cuja principal função é propiciar a um outro ator que possa brilhar intensamente. Grande Otelo foi, sem dúvida, o mais famoso "escada" da dramaturgia brasileira: nas chanchadas da Atlântida, nos anos 1950, sua função era fazer o público rir, mas também, e principalmente, abrir caminho para que seu companheiro de cena, Oscarito, brilhasse. Serei com satisfação o "eterno Grande Otelo" do "meu Oscarito". Ser pai é ser "escada" para os filhos. Eles são as estrelas que têm que brilhar agora. Fonte da imagem: http://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/culturabrasileira/oscarito.jpg.

Nenhum comentário: