segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Brasil e Paraguai: irmãos até que ponto?


Nesta última sexta, Fernando Lugo tomou posse como novo presidente do Paraguai. Uma chama de esperança se acendeu sobre toda a sociedade paraguaia, justificadamente, depois de décadas e décadas de domínio autoritário colorado. O perfil do novo Presidente, integrante de movimentos eclesiais de base, faz parte dos especialistas crer que a "guinada à esquerda" será inevitável. Contudo, para o novo presidente, garantir a governabilidade só será possível mediante coalizões e entendimentos com forças políticas tradicionais, em boa parte conservadoras. Além disso, a questão do aproveitamento dos recurso hídricos de Itaipu e da pretensão paraguaia de rever as cláusulas do Acordo de 1979 com o Brasil, representará um desafio adicional não só para o Governo Lugo como para a nossa diplomacia. Espero que o Brasil aja com prudência, pragmatismo e generosidade. Lugo sofrerá uma forte pressão interna para agir contra o "imperialismo brasileiro". Caberá ao Itamaraty não se deixar contaminar pelo radicalismo de certos setores da opinião pública paraguaia e igualmente evitar os afãs nacionalistas exarcerbados que virão da imprensa e de setores oposicionistas do Brasil que, pensando nos parâmetros da velha realpolitik, certamente acusarão o governo Lula de servilismo. Conceder sim. Subjugar-se? Claro que não. Se o Brasil quer exercer alguma liderança regional em bases positivas, deverá priorizar o pensamento à longo prazo, sem renunciar à preservação dos interesses brasileiros.
Só me resta dizer, como filho de um paraguaio com uma brasileira, apaixonado pelos dois países, que espero que Brasil e Paraguai se entendam e que um dia construam um sentimento de irmandade real, que vá muito além dos interesses econômico-comerciais.

Nenhum comentário: