segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lan Houses: oportunidade de inserção ou mero passatempo?


Ontem, durante o Fantástico, foi veiculada uma matéria interessante sobre o crescimento do número de lan houses no Brasil. Hoje, calcula-se que elas são cerca de 90 mil. A reportagem enfocou o caso de um ex-porteiro de São Paulo que, interessado em melhorar seu padrão de vida, largou o emprego para investir em uma pequema lan house no bairro de periferia onde mora. O negócio prosperou e, hoje, ele está construindo uma bela casa nova para morar e conseguiu ampliar seu empreendimento.


Está aí um caso positivo de inserção social através da internet. Mas eu me pergunto: será este caso uma regra ou uma exceção? Pelo perfil do rapaz, pela entrevista que escutei, me pareceu alguém com uma visão diferenciada e que soube explorar um novo nicho de mercado para conseguir realização. Mas terão todos os rapazes de periferia a mesma visão e capacidade?

Acredito que não. Salvos exceções como o ex-porteiro da reportagem, em sua maioria os clientes de lan houses, nas periferiras ou nos bairros mais nobres, são pessoas ociosas - por opção ou não - muito mais interessadas em ler e passar scraps no orkut do que em estudar, trabalhar ou tentar um empreendimento para buscar, através do conhecimento digital, uma oportunidade de melhor inserção pessoal e profissional.
Iludem-se aqueles que pensam que o conhecimento gerado pela internet e pela eletrônica pode substituir a educação formal das escolas e universidades. Ao contrário, penso que corremos sério risco de fazer crescer uma geração de "analfabetos virtuais" que só se preocuparão com a rapidez e a agilidade do conhecimento, em detrimento do saber mais profundo e especializado. Claro que há aspectos positivos gerados pela globalização da comunicação, mas as múltiplas possibilidades que ela oferece não podem prescindir da educação formal. É com ela que este "novo tipo de conhecimento" poderá ser filtrado e melhor utilizado. Enfim, com o conhecimento formal das escolas e universidades e com a cultura geral que adquirimos ao longo da vida, temos mais condições de separar o joio do trigo na internet, ou seja, de selecionar as informações de boas e más qualidade e procedência.


Um comentário:

Gabriela Matarazzo disse...

Essa tal internet é complicada né? São poucas as pessoas que entram em uma lan house para pesquisar algo útil. Esse crescimento do interesse pela internet tem me preocupado. No jornal que eu trabalho, só essa semana (olha que hoje ainda é terça) recebos duas denúncias de meninas (12 e 14 anos) que marcaram encontro pela internet e foram estupradas pelos amigos virtuais (bem mais velhos).